sábado, 24 de julho de 2010

Rapsódia de tulipas e prímulas em amor-perfeito

Bem-me-quer, mal-me-quer,
Não me queira mal.
No descompasso do tempo,
Não cronológico: interno,
Desfolhei as pétalas
Deste amor-perfeito,
Até restar apenas o miolo.
Uma abelha por aqui vai passar,
E sorver todo o pólen
Desta flor de primavera,
Transportando para um momento mais fértil
Esse amor-perfeito e delicado,
Semeando num outro espaço e tempo,
Este perfeito-amor de amor-perfeito,
Mesmo que para isso
Precisemos de uma nova primavera.

Tudo na natureza tem um tempo:
O tempo da preparação do solo,
Do plantio e do cuidado,
De brotar e de dar frutos,
Da colheita na época certa,
Nem antes nem depois.
Até mesmo na natureza humana,
Que não foge à regra.
Se uma flor está pronta, aberta, madura
E a outra nem botão se fez,
É preciso saber separá-las,
Na estufa da vida:
Não expô-las à mesma insolação
E nutri-las da maneira apropriada,
Pois necessitam de cuidados diferentes,
Em momentos distintos.

Meu amor-perfeito
Em seu solo foi semeado,
Assim como o seu no meu.
E nessa rodada
A minha florada
se deu antes do que a sua,
Que ainda nem botão se fez!
Mas o solo é fértil,
O terreno limpo
De perfeito-amor no amor-perfeito,
Tão bem feito,
que ainda vai florescer ao mesmo tempo!

Poema dedicado a M.
Vera Reimann
Dez/97
*Direitos Autorais Reservados
 

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