Sobre almas gêmeas...

Olá! Antes de ler este texto, vou pedir um favor a você. Se puder fazê-lo, terá meu agradecimento eterno. Procure um lugar calmo e tranquilo, onde você possa fechar seus olhos, respirar fundo algumas vezes, buscando deixar de lado tudo o que a mente racional trouxer, procurando então abrir a “porta do seu coração” e entrar em sintonia apenas com esse canal. Reescrevendo uma célebre frase: “Sinto, portanto existo”.

Espero ser clara o suficiente para que você também possa compreender a profundidade de tudo que está colocado aqui, nesse “insight desprogramado”, e que acho, saiu das profundezas do meu inconsciente, como num turbilhão de respostas que eu, sentada na frente do computador, estou sendo capaz de transcrever em língua portuguesa. Sim, porque me sinto quase que psicografando segredos de outras vidas, de outras esferas que não essa que vivemos no aqui e agora, como algo que me está sendo transmitido por uma espécie de ordem superior, por uma força quase que hipnótica, sobre a qual exerço muito pouca influência. Recebemos sinais desse mundo superior o tempo todo em nossas vidas e se soubéssemos nos deixar guiar por eles, saberíamos exatamente o que fazer nas nossas diversas dificuldades do dia-a-dia. Por isso é que pedi para você deixar aberta a porta que chamo da “porta do coração” (ou da intuição). Só através dela é que somos capazes de nos conectar com esse mundo invisível.  

Você já parou para pensar, profundamente, no porquê, dentro do universo de pessoas que conhecemos e nos relacionamos na nossa vida, não nos apaixonamos todos os dias por alguém diferente? Por que, sem querer ou procurar, em determinados momentos da nossa existência, nos deparamos com um “alguém”, que também se depara com a gente, e um botão “start” é ligado? E aí nos pegamos querendo conhecer melhor esse alguém, nos aproximar desse alguém, estar junto desse alguém, de alguma forma nos vincularmos a esse alguém de uma maneira especial, diferente da que temos nos outros vínculos com o universo de pessoas que nos circundam diariamente. O que esse “alguém” tem de tão especial, que nos chama mais atenção ou nos desperta tanta curiosidade e desejo de aprofundar esse conhecimento?

Acaso é o mais bonito do que outras tantas pessoas bonitas que conhecemos? Não. Acaso é o mais inteligente, ou o mais sensual, ou o mais simpático ou o mais culto, ou o mais espetacular, ou, ou,  do que todas as outras pessoas dentro do nosso universo de relações inter-pessoais? Não. Acaso se comporta de forma tão singular e única que nos chama muito mais atenção do que nas outras pessoas? Não. E aí, veio a resposta tão procurada. É um chamado da alma que nos faz prestar mais atenção nesse “alguém” neste determinado momento da nossa vida.
 
A alma é um “ser” livre, independente do corpo físico em que esteja “engatada”. A alma é por excelência algo desvinculado do plano físico em que nos encontramos, inquieta e curiosa, que navega numa outra dimensão de tempo e espaço, independente da nossa vontade. A alma sempre vai em busca do que lhe é mais confortável, daquilo que é do seu destino, ou daquilo que está traçado num plano superior como experiência necessária, nos alertando para o que deve ser superado ou deixado para trás, para vivermos novas realidades com novas perspectivas. O tempo cronológico, para a alma, não existe da forma como o dimensionamos no plano físico. Ela está sempre um passo (ou muitos) além desse tempo. E é ela que nos move na direção desse “alguém”.          

No dia em nós pudermos verdadeiramente compreender que não somos donos de nada nem de ninguém, que nossa única missão, no estado físico que temos hoje, é a de crescer espiritualmente, passando por todas as experiências que nesse plano superior nos foram traçadas, viveríamos as mesmas sem sofrimento, pois teríamos a capacidade do desapego, entendendo tudo como uma missão que a alma tem que cumprir nessa sua viagem de várias vidas .

Você já questionou, profundamente, o que é que levaremos conosco no dia em que nosso corpo físico morrer? A casa? As jóias? O carro? O dinheiro? O outro? Não levaremos nada, pois o que pertence ao plano físico, da matéria, aqui permanecerá. A única coisa que levaremos é a nossa alma, que poderá estar mais livre ou menos livre, necessitando de mais aprendizados ou menos aprendizados. Tudo aquilo que evitamos vivenciar por medo, angústia, apego, ditados pelas normas e padrões do plano físico, fica registrado na alma, que retornará num outro momento e será novamente será testada com as mesmas experiências que evitou, pois faz parte da sua viagem entre as muitas vidas que lhe estão designadas, superar aquele obstáculo .
 
Desta maneira, muitas vezes retornarmos para cumprir relações afetivas cármicas mal resolvida em outras vidas: uma relação de pai/mãe, filho/filha, marido/mulher, irmão/irmã, etc. Por isso, se nos detivéssemos ao fato de que o desapego é a principal fonte de crescimento da alma e que o amor é sua principal fonte de alimento, viveríamos num estado de êxtase sempre que nos fossem impostas dificuldades, em lugar de sofrer. Deixaríamos a alma mais livre para as experiências que devem ser vividas, perceberíamos com mais clareza quais e quando essas relações ou situações cármicas já foram cumpridas e poderíamos ser muito mais felizes, sempre buscando, evolutivamente, o caminho do amor e das novas possibilidades.

Quem cria todas as dificuldades é a nossa mente, que é incapaz de compreender a essência da alma. A mente tem a capacidade de analisar objetivamente as situações e de responder objetivamente às circunstâncias que estão sendo vividas. Ela apenas julga, a partir de seu arquivo chamado memória racional, se isso é bom ou não, quente ou frio, doce ou salgado, certo ou errado, enviando essas mensagens ao nosso corpo, que responde com “aceito ou rejeito”; ela é incapaz de perceber as filigranas e nuances da alma. É a mente que cria todos os obstáculos e todas as armadilhas com a quais nos deparamos na vida, que acabamos criando para nós mesmos, pois está sempre julgando no espectro dual do certo/errado, bom/ruim, bem/mal, céu/inferno. É ela que nos imobiliza, que nos faz ter medo, que nos impede de viver as novas experiências.  Para a alma, não existe certo ou errado, uma vez que ambos fazem parte da mesma unidade; apenas quando analisado pela mente, que divide as coisas em dois lados, é que só conseguimos enxergar um lado, como se o outro lado não existisse.

Mesmo quandoi recenbemos um chamado da alma; ficamos tentando analisar e vivenciar nossa relação com o racional, com a mente e portanto, criando ilusões, buscando explicações. Tudo que conseguimos assim é enxergar as relações pelo lado dual, moral, normático, pragmático, quando a essência dela está muito além disso. É da sintonia e da vibração que a  alma causa na outra, qunado gêmea,  que percebemos e sentimos. E é essa “sintonia” de almas, que se manifesta entre elas como algo muito próximo de um amor profundo, diferente mesmo, que diferencia essa relação de todas as outras, com todos os outros seres humanos com quem mantemos contato no nosso dia-a-dia.

A qualidade da energia que a minha alma gera em você e a sua em mim não é encontrada em outras relações afetivas, uma vez que nenhum outro ser tem a sua alma e nenhum outro ser tem a minha. Por isso a ausência que sentiremos um do outro causa muita saudade, vontade de estar perto, de saber do outro, de querer compartilhar com o outro, gerando um sentimento forte; e, em estando juntos, temos a sensação de “plenitude”, de estar novamente em casa, de podermos ser como somos sem cobranças ou medos. Na linguagem da alma, só existe o desejo de poder estar perto do seu complemento.

Normalmente, no encontro de almas gêmeas, a velocidade da relação  é muito diferente da que estamos acostumados. Se nos perdemos disso, as coisas podem com o tempo até se acomodar um pouco, mas a perda dessa sensação de plenitude, de harmonia mesmo, voltará a nos incomodar sempre, quando já a conhecermos e vivenciarmos. Mas o destino da alma tem um propósito muito claro, que muitas vezes nós não somos capazes de assimilar na mesma “velocidade”, ficando muito difícil entender ou mesmo aceitar tudo isso dentro do nosso conceito moral, pragmático, dogmático ou mental, especialmente por estarmos ainda muito despreparados para entender essa dimensão não palpável (até por não termos nenhum controle sobre ela). Nos resta apenas aceitar os fatos que temos de concreto.

Isso é o que sempre procurei para mim,  no nível de emoção e sentimento numa relação afetiva. Sem nenhuma cobrança, eu acredito no amor acima de tudo, nesse chamado de almas e no destino que está traçado para cad um de nós nesse plano “divino”, ao qual não temos acesso ou capacidade de modificar. E é desse destino que a gente não foge. Podemos até usar de desvios e de tangentes, mas ele se colocará, soberano, no nosso caminho outra vez.

As almas se encontram, se desejam, se querem e se precisam. E isso é suficiente para se unirem nessa “viagem” sem grandes planos traçados, sem formatos ou padrões delineados ou precisos, apenas vivendo o que essa forte complementação que possuímos possa nos trazer de bom e de precioso. E aí vem me vem muito forte parte do poema do Vinícius de Morais: “quando mais tarde talvez me procure, quem sabe a morte, angústia de quem vive, quem sabe a solidão, fim de quem ama, eu possa me dizer do amor que tive: que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”

Segundo a visão espiritual (e sobre esse tema só dá para se falar qualquer coisa caso se acredite nisso), Deus, quando criou o universo, criou uma forma una, inteira, como uma esfera. A partir dessa forma una, num determinado momento, que eu não sei precisar qual e nem porque, ele dividiu essa esfera em duas partes de mesmo tamanho e proporção, só que não iguais, exceto na sua forma, mas complementares. Tão complementares que uma carrega o lado feminino e a outra o masculino. Elas se subdividiram em muitas outras, dando origem a muitos grupos de almas.

Fui atrás de um pouco de bibliografia e nesta consulta, descobri que  existem grupos de almas, que se formaram de divisões de uma única esfera em várias esferas menores e essas por sua vez em metades, que são o que chamam de almas gêmeas. Essas almas gêmeas são tão complementares que quando se encontram e se percebem, têm a sensação de ter encontrado a si próprias, no seu lado yin ou yang (feminino ou masculino). 

Segundo dizem os estudiosos, normalmente nos relacionamos nas nossas vidas (e aí é preciso acreditar na reencarnação como um processo de purificação da alma, até que ela atinja uma tal plenitude que se torne apenas LUZ) com pessoas que pertencem a um mesmo grupo de almas e nossas escolhas afetivas estão baseadas nessa referência maior, de almas do mesmo grupo. Mas a busca de toda alma (e de todo ser humano) é pelo seu gêmeo, pelo seu complemento maior e pleno, onde o amor se manifesta de forma quase que sublime, sem opressões ou diferenças. Almas do mesmo grupo têm muito em comum, mas não se sentem plenas se não forem gêmeas.

Acredito que encontrarei minha alma gêmea, baseada nas seguintes constatações:
• normalmente os encontros se dão em segundos relacionamentos afetivos (a 1ª escolha é  geralmente feita  dentro de almas do mesmo grupo, mas dificilmente é pela gêmea), quando normalmente já estamos mais preparados emocional e espiritualmente;
• normalmente existem obstáculos que precisam ser vencidos para que esse encontro seja pleno, livre e consciente (um ou os 2 dos gêmeos estão presos a vínculos cármicos já esgotados, mas de que precisam se libertar para poderem estar juntos);
• na maioria das vezes existe um forte vínculo astrológico entre os dois (sol/lua, marte/vênus) que os atrai de forma quase que magnética;
• num dos gêmeos, o lado masculino é preponderante enquanto no outro, o feminino, nas estórias de suas vidas presentes;
• a pessoa do gêmeo sempre causa algum tipo de impacto no outro, de forma que não passa desapercebido, embora muitas vezes demore para existir o reconhecimento;
• a troca de olhares, o olho no olho, é muito penetrante, muito forte, não havendo espaço para mentira ou subterfúgio;
• o toque, o abraço, o beijo e a troca de energia afetiva existente de um para o outro é muito forte, prazerosa, eletrizante, sinérgica, onde a sensação de bem estar é muito acima do normal; é como a sensação de “estar finalmente em casa”;
• o nível das sensações físicas, mentais e espirituais experimentadas supera qualquer outra relação já vivida;
• a aceitação do “como somos” pelo outro é praticamente total, havendo muito respeito e admiração pela pessoa do outro, não se pensa em mudá-lo;
• a troca a nível sexual tende a ser inesgotável e evolui de forma crescente;
• a ausência do outro nos faz sentir que perdemos um pedaço de nós mesmos;
• quando estamos preparados para encontrar nossa alma gêmea, começam a acontecer as chamadas “coincidências”, de datas, lugares, assuntos, encontros casuais, casualidades fortuitas (se olhadas pelos olhos comuns), etc., etc., etc., pois o nível de sintonia entre elas se torna cada vez maior e mais amplificado.
    
Existe algo, que escrevi em 1994, que tem tudo a ver com isso, pois acho que sempre procurei, sem saber, a minha alma gêmea: “por mais que lutemos, um dia sempre existe alguém que descortina a nossa alma e retira o nosso véu; depende só de nós querermos nos dar por inteiro. Estar junto quer dizer “ser” inteiro de e para o outro; é unir todas as energias que uma união de almas provoca para caminhar para frente, criando uma sinergia de propósitos que norteia a nossa existência em comum; é estar ao lado, caminhar junto, abrir mão do nosso egoísmo em razão do outro; é estar disponível sempre, dividindo e somando ao mesmo tempo; é deixar que o outro perceba nosso espelho de alma e lá se reconheça também.”

Termino contando uma estorinha,  que é a estória de “O Alquimista” , o primeiro livro do Paulo Coelho. Conta a estória de um menino, pastor de ovelhas,  que sonha algumas vezes que existe um tesouro oculto. Certo dia ele decide ir atrás desse sonho. Porém, para chegar até esse tesouro, o menino tem que aprender a decodificar os sinais divinos (que lhe são enviados através das coincidências do destino)  e tem que aprender a escutar a voz do coração. E alcançar o tesouro dá trabalho, requer paciência e muita tenacidade para superar os obstáculos que se interpõem.

Mas paciência é algo que não me falta. Espero encontrá-la ainda! E saiba, estou aqui...