domingo, 25 de julho de 2010

Bom dia para o seu dia

Bom dia para o seu dia!
Encantado com pura magia,
Recheado de maestria,
Pincelado de sabedoria.

Que ele seja muito florido,
Receba a visita de Cupido,
Que de amor seja tingido,
Dando à vida maior sentido!

Vera Reimann
*direitos autorais reservados

O tamanho do meu sonho

Se minha coragem tivesse o tamanho do meu sonho, há muito tempo já estaria vendendo berloques e sandubas numa praia qualquer! E olha quem meu sonho é tão pequeno que cabe no bolso da minha calça velha, azul e desbotada...

Fico aqui imaginando quanto será que efetivamente precisamos para ser feliz? Feliz assim: descompromissados com as aparências, livres das pressões sociais, vivendo apenas com o que é necessário, sem pompa ou circunstância, sem nenhuma frescura de banho de loja dum Iguatemi da vida! E porque é tão difícil largar tudo, virar a página. 


Ou melhor, encerrar esse livro e começar outro, completamente novo, sem paralelo na nossa experiência de vida do aqui e agora. Será que já fomos um casal de nômades, retirantes, andarilhos e ciganos?

Fico imaginando conhecer o pôr do sol todos os dias, como se fosse único. E assistir o nascer do sol como se fosse o primeiro. Voltar a ser um pouco criança, um pouco imatura, um pouco selvagem, um pouco lunática, outro pouco mística... Conhecer todas a estrelas do céu e a cada dia descobrir uma nova, fixar o olhar sobre esta e desvendar os seus mistérios. 


Saber que lado é o norte sem precisar de guia. Pressentir a mudança do tempo, no faro e na pele, sem ter que consultar o jornal ou  o Clima Tempo. Perceber, através dos sentidos, toda a beleza da natureza, disponível a todos e que hoje, sequer nos damos conta. Vestir o dia inteiro, só um biquini e um chinelo, ter uma mochila leve, sem firulas de dondoca. Andar à pé, horas a fio, e nem perceber. Sorrir só pelo prazer de mostrar os dentes. Deixar a brisa bater no rosto e carregar toda a poeira do velho acumulado na pele.

Ah, se minha coragem hoje fosse do tamanho do meu sonho!

Vera Reimann
*direitos autorais reservados


 

Para entender as mulheres

Entender as mulheres é fácil! Basta pensar com o coração, penetrar na sua complexa alma, cheia de labirintos e caminhos tortuosos, onde nem tudo que aparenta ser, é.

Ah,  se o espelho interior de uma mulher falasse, diria, em tom solene: tenho tantas facetas, mas você não as percebe. Fica apenas pairando e parado na superfície da minha estrada tão longa, do meu pensamento tão vago e ao mesmo tempo tão profundo.

Ah, se pudesse ler meu corpo, perceberia todas as tatuagens que ali se encontram, de maneira indelével e, quase sempre, praticamente invisível. Mas eu, Mulher, conheço cada uma delas e sei exatamente onde foram feitas e quem as tatuou. Sei distinguir cada uma delas, até mesmo as nuances das suas cores. A maioria, na minha idade, já meio apagada.

Mas garanto, Homem, elas estão todas aí desenhadas: tatuagens de uma vida inteira, de sonhos não realizados, de dores não choradas, de marcas pueris das descobertas do amor, do sexo, da infância que no tempo se perdeu, das conquistas não festejadas, das lágrimas caladas na madrugada fria, dos amores que feriram, do parto de um filho gestado uma vida inteira.

Ah, se soubesse ler meu interior, saberia instantaneamente quem sou e como processo o sentir de forma tão pungente, que homem nenhum suportaria 05 minutos dentro desse liquidificador. Ah, se percebesse meus ingredientes secretos, minha magia latente, meu universo esfuziante e ao mesmo tempo carente de compreensão  pertinente.

Sou um misto de equilibrista e atriz, agiota e perdulária, economista e psicóloga, médica e esteticista, motorista e baby sitter, reverso da medalha, flor e vulcão. Sou muitas em uma única, assim, como genérico: sirvo pra qualquer ocasião.

Se ainda assim não compreende, tente ler o manual de instrução: não o que está impresso, mas sim, nas entrelinhas do que está explícito, mas não escrito.
Ah, se eu te pudesse fazer entender!

Vera Reimann
*direitos autorais reservados

Rumo

Teus passos incertos,
Apontam para as ruas da minha praia.
Tua guia estrela,
Mágica, calada e silenciosa,
Te envia uma luz direta, concreta:
Rumo Sul.

Teu Norte perdido no mundo,
A buscar a mulher dos sonhos.
Seria ela, a bela, a escolhida?
Dentre tantas belas na tua vida?

O som das ondas do mar infinito,
respondem que sim,
Ao quebrar na praia,
E se vão...
Neste vem e vai nada registram,
Na areia molhada e fina.

Leia a tua alma,
Acompanhe o teu verso,
Viva o meu espírito,
Respire o teu destino...

Ela, a bela escolhida
Está enternecida!
E de medo escondida,
De virar cigana mundana,
E te perder na resposta,
Da areia orvalhada pelo mar.

Rumo Sul.
Sem pressa, sem medo,
Olho no olho.
O que estamparia este olhar?

Quem se encantaria,
Depois de tanta fantasia?
O devaneio assusta,
A presença impotente afugenta,
A concretude do rumo Sul.

Perca o  prumo, espere o seu turno.
Será ela, a bela preterida?
Ou a mais querida,
Dentre tantas outras supostas belas
Na tua vida?

Vera Reimann
Guarujá  - 11/06/98 

*Direitos Autorais Reservados

Castelos

Construí um castelo
apoiado no nada.
O primeiro vento
o derrubou.
Perdoei.

Ergui-o de novo
mas nova rajada,
que veio do nada,
o desmanchou.

Tive paciência,
fiz tudo de novo.
Tentei proteger melhor,
mas isso foi ainda pior.

No meio de nova tormenta,
as águas da chuva,
o lavaram
e o levaram.

Não tenho mais castelo,
Não tenho mais areia
e nem mais paciência.
Adeus, meu castelo encantado
que um dia pensei
ter encontrado.

Na minha fragilidade,
na tua falta de cumplicidade,
com o AMOR,
o mais belo de todos,
nos perdemos por inteiro
sem volta ou devaneio.

Desacredito de suas palavras,
e das suas promessas.
E para amar, doutor,
É preciso acreditar.

É preciso que um e outro,
cumpram seu papel
à risca,
acima de qualquer suspeita.

Essa é a única receita,
para se viver esse frágil domínio,
com a magia, a maestria e o fascínio
que é viver um grande amor.

Vera Arruda Reimann
Jun/98
*Direitos Autorais Reservados

Vôo livre

Vôo livre,
Nesse anseio
Sem sonho.
Nessa explosão
De beleza e certeza.

A sensação de liberdade,
Embebeda e agita, Murmura incontida,
Exalta e grita,
Rumor de paz,
Momento de felicidade.

Estampa no rosto,
Grito e acalento,
A paz, o momento,
A certeza explosão.
Esmaga nas ruas
Os passos incertos,
Os gemidos possessos,
Enlouquece a razão.

Ferem-se os homens,
Calam-se as vozes,
Mas a liberdade do coração,
Quem poderá conter?

Vão-se os sábios,
E nas ruas da cidade,
Pululam os homens...
Simplesmente humanos.

O momento, contudo, é feliz.
Solta a liberdade,
Que, montanha e tempestade,
Domina e impõe...

As ruas, caminhos cruzados,
Um ponto que faz clarão,
Um rosto ansiado,
Um encontro na multidão.
(ou em uma caixinha de nomes).

Um ponto que se aproxima,
A cada dia, sem pressa,
Que enfeitiça a entrega,
Que seduz com paixão...

E as vozes emudecidas,
Ressurgem intensas,
E cantam,
Porque há vida...

Se liga...

Minha vida,
sempre tão certinha,
estruturada....
de repente
uma corrente de ar
nela soprou....
trouxe você,
mansamente,
e me golpeou.
Penso você,
sonho você,
vivo você!
Se não existe,
porquê me castiga?
Tão apaixonadamente,
incoerente,
incongruente,
inconsequente,
que por vezes não enxergo
a distância
e as fronteiras,
que existem entre nós...
Fomos feitos um para o outro,
não tenho dúvidas.
Só não sei mais como viver,
sem te ver...
e quero crer
que esse cara,
concreto,
vai surgir,
esperto,
de verdade
e bem perto
vai me fazer acreditar
no amor outra vez.
Se liga, meu!

Vera Reimann
23/11/1999
*direitos autorais reservados

Compasso

Marcado no compasso,
O passo.
Passageiro da noite
Espaço...
Perdida no silêncio,
Desfaço dramas,
Construo tramas...
Disfarço...
A ferida mal cicatrizada.
Sem pressa...
Passeio no véu das horas,
e com risada matreira,
me faço por inteira,
e assino abaixo!

Vera Arruda Reimann
1987
*Direitos Autorais Reservados

Amor amigo

Um amor-amigo
Me bateu no peito.
Latente amor antigo
Nunca satisfeito.

Esse amigo-amor,
Desconhece o medo,
E em meu pensamento
Sonho ser capaz,
De arrasar a dor,
Que rouba o teu sono
E teu olhar sereno.

Me encontro te vendo,
Num doce alento,
De amigo-amor
De antigo amigo
De amor-amigo
Suportando a mágoa
Desse teu momento.

Tuas lágrimas doídas,
Se rompem caladas,
Te embalo no colo,
E te faço sonhar.

Mas tal qual árvore
Resistirá aos tempos,
E brotará vida
Novos frutos e flores.

E colheremos juntos,
Desse seu plantio,
Um novo momento.
 
À vida renascida,
Ao amor antigo,
Ao amor-amigo,
Enfim brindaremos!
Vera Arruda Reimann
17/11/97
*Direitos Autorais Reservados

Tão longe, tão perto

Tão longe, tão perto!
Misterioso destino,
eletrônico e esperto,
que fez nossos astros se cruzarem,
na névoa da madrugada despertarem.

Imagens e pensamentos
refletem e repetem,
o encanto e a magia
do desconhecido,
da imponderável euforia,
desafiando nossa alquimia.

Quem sabe os astros,
que nos aproximaram,
num piscar de olhos,
breve lampejo,
estão agora reunidos,
em coro proclamando um desejo:
que esse amor esteja escrito nas estrelas.

Vera Arruda Reimann
março/98
*Direitos Autorais Reservados

Ser flor

Ser flor é mágico!
É poder sobreviver com uma espécie de poesia sempre presente,
Mesmo no mais seco e desolado deserto!
É poder sorrir mesmo com lágrimas no coração!
É poder dizer "eu te amo", mesmo na hora do adeus!
É poder sobreviver aos ventos e às tempestades da vida,
Sendo apenas "flor": delicada, sublime, perfumada,
 inebriante, bela e muitas vezes solitária, flor!

Sou "flor" e como tal pertenço ao mundo,
Semeando outras flores nos campos mais intangíveis:
Nos domínios do seu coração.
 
Vera Reimann
1998
*Direitos Autorais Reservados

Senhor dos tempos

Hei, você!
Você mesmo aí parado!
Saberia dizer quanto pensamento
cabe num minuto?
Saberia contar quantos minutos
cabem numa espera?
Saberia falar quanta espera
cabe num pensamento?

Ou quanto tempo demora uma hora?
Ou ainda,
quanto pensamento contém a demora
do passar da hora?

Hei, você!
Você mesmo aí assustado!
Que me responde que a hora
não tem pressa,
Que a demora espera a hora,
Que marca os minutos,
minutos que se divertem,
Pensando na tortura de senti-los passar,
Sem anestesia, contundentes...

Pois a demora do passar da hora,
Contém toda pressa inexistentente
da espera do tempo passar!

Vera Reimann
1979
*Direitos Autorais Reservados

Tempos Modernos

Ah, se eu pudesse
ser tragada pela Internet...
e aparecer aí
na sua telinha,
inteirinha,
sem tirar nem por!

Ah, se eu pudesse
ser sugada pelo sinal de fax...
e aparecer aí
do outro lado da linha,
inteirinha,
 sem tirar nem por!

Ah, se eu pudesse
ser transcodificada via satélite...
e aparecer aí
no lugar do sinal do seu celular,
inteirinha,
sem tirar nem por!

e estar com você o dia todo
com o celular dizendo:
"essa caixa postal está cheia;
tente novamente mais tarde"...
e me aninhar no seu abraço,
meu único espaço.

Maldita tecnologia,
que ainda não permite
que eu me condense,
ciberneticamente,
para o seu colo gostoso,
fosse só por um  instante duvidoso...
e depois desaparecesse
nas brumas da minha Avalon..."

Vera Arruda Reimann
abril/2010
*Direitos Autorias Reservados

Romance

Que sabor será que teria
o nosso romance,
Se não fosse assim
tão fora de alcance?

Sabor de dia-a-dia,
Ou de melodia?
Ou manteríamos o sabor
de fruto proibido,
cria do desconhecido?

De morango com chocolate,
Vez por outra de tomate...
De champanhe com cereja,
De sorvete com cerveja?

De manga fresca no pé,
De chantilly com rapé,
De whisky com castanha,
De marrom glacê e mel?

Ou se tornaria, encanto passado,
Como tantos outros,
Amargo como fel?

Vera Reimann
1998
*Direitos Autorais Reservados

Solidão

Ouço os murmúrios do silêncio
à me assustar.
Sozinha me encontro
A te encontrar.

Será que ouves o barulho 
do meu silêncio?
Me calo por inteira...

Te busco no espelho
e encontro a mim mesma 
sem te alcançar.
As sombras e os ventos 
te trazem e levam.

Murmúrios...
Silêncio.
Sufoco no esforço
de te acompanhar.
Nada!
Vazio!
Silêncio...

Abro as portas
e as janelas.
Tudo fica em suspenso
para tua chegada.
Sinto tua presença.
E me calo por inteira...

Num lampejo
te vejo!
Corro a te abraçar,
como o mar abraça a areia.
Te perco no meu silêncio,
Murmuro pensamento..
Não te alcancei...

De novo tento
E te vejo...
A me espreitar!
Pisco os olhos!
Lavo o rosto!
Sonho?
Ou por certo esteve aqui?

Vera Arruda Reimann
Guarujá – 12/06/98
*Direitos Autorais Reservados

sábado, 24 de julho de 2010

Reflexos

Desejo ser...
Seu primeiro reflexo,
Seu contido universo,
Qual  espelho dourado
Retratando o seu ser!

Desejo ser...
Sua espuma transparente,
Seu desejo mais pungente,
Qual estrela incandescente
Revelando seu amor!

Desejo ser...
Seu mente aguçada,
Sua razão fotografada,
Qual sensatez eficiente
Delineando sua razão.

Sendo apenas a semente,
Que desabrocha sua flor,
Que transporta novos rumos,
Que provoca novos prumos,
No espelho do seu ser!

Vera Arruda Reimann
14/03/99
* Direitos Autorais Reservados

Quem me dera

Quem me dera...               
Soltar tuas amarras,
Quebrar de vez tua couraça,                     •.
E te ver outra vez,
Leve, solto, criança.                   

Quem me dera...                   
Libertar o teu pranto contido,               
Lavar tua alma,
E te ter outra vez,           
Frágil, tolo, incerto.
               
Quem me dera...                   
Transformar tua dor,                   
Como passe de mágica,                               
Num enorme prazer,                   
Num momento de glória.
               
Quem me dera...
Navegar no teu corpo,
Explorando paisagens,
Desbravando lugares,
Desvendando segredos
No amanhecer.

Quem me dera...
Me entregar sem receios,
Te encontrar sem rodeios,
Te despir por inteiro,
Me despir por inteira...

E assim desnudados,
Poder trazer de volta,
Todo doce sabor,
Toda extrema magia,
Toda força e beleza
De viver um novo amor.

Vera Reimann - 1997
*Direitos Autorais Reservados

Pura emoção

Pura emoção!
Sentimento perdido no tempo
E na razão...
Imaginação solta,
Mente absorta
Na espuma do mar!
De sol, sal, areia
Feito sereia
Pronta prá amar!

Sentido aguçado,
Coração disparado,
Desperto em nuvens
Coloridas e vermelhas,
Da cor do por do sol...

Do sol dessa terra,
Dessa gente sincera
Me sinto segura,
Em paz e contente,
Qual bichinho sorridente
E grato,
Que nesse escrito ato,
Agradece de alma lavada,
Toda a acolhida dada!

Vera Arruda Reimann
08/01/99 – Fortaleza – Ce
*Direitos Autorais Reservados

Poema ao olhar

Meus olhos te chamam...
Teus olhos me amam..
São os meus olhos a expressão,
Daquilo que carrego impresso
No centro do meu coração?

Em breve lampejo,
Percebo o desejo,
Dos teus olhos
A me espreitar.

Meus olhos refletem,
O simples consenso
De te desejar.

Teus olhos me acariciam,
Meus olhos te espiam,
Num passeio lúdico,
Meus olhos se deliciam,
No teu prazer de me enfeitiçar!

Latitude distante,
Espaço de outro olhar...
Teu olhar me sorri,
No teu olhar me vi
Capaz de te amar!

Vera Reimann
28/04/00

Olhar bandido

Reflito
O momento
Aflito
De sentir
teu grito
De ouvir
Teu agito
De olhar
Teu conflito!

Desnudo
Teu olhar
Atrevido
Teu gesto
Contido
Teu sonho
Escondido
teu sorriso
perdido!

Descubro
Teu sentido
Aturdido
Teu perfume
Escolhido
Teu sorriso
Bandido
teu olhar
despido
A me provocar!
 
Vera Aruuda Reimann
Guarujá - 3-2-99
*Direitos Autorais Reservados

Net poema

Sou Sol, sou Lua,
Sou tua estrela guia.
Sou noite e dia,
Calmaria e ventania...
Tempestade!
 
Sou única e múltipla,
No universo facetada,
Encontro e desencontro,
Partida e chegada.

Sou doce e salgada,
mar e rio,
Paixão e acalento,
Sou tua bem amada.
 
Sou feita assim:
De natureza arredia,
De tufão e calmaria,
De sabor de maresia,
Sou tua jangada.

Te pertenço!
Mas não me tens...

Sou a amiga mais distante,
Porém a mais constante.
Teu ouvido mais calado,
Tua voz mais abafada,
Teu sentimento mais trancado,
Tua alma espelhada!

Sou a presença-ausente,
A tua melhor confidente,
Nas tuas noites mais vazias,
Nos teus dias mais solitários.

Estando sempre assim sem estado,
Te percebo mesmo à distância,
Te sinto como se parte de mim fosses...
Sou a tua melhor companheira,
Nessa estrada nem traçada!
 
Vera Reimann
* Direitos Autorais Reservados

Navegar

Mar, maré, mareando,
O barco aportou.
No porto do poço,
Do poço sem fundo,
Profundo no mundo,
Vagando ao luar.

Perdido na noite
De brilho opaco,
De lua vermelha,
O barco aportou.

No poço do porto,
Do porto sem fosso,
Trazendo saudades,
Lembranças sem fim.

Cantando misérias,
Contando estórias,
De terras distantes,
O barco aportou.

No fosso do poço,
Do porto do esforço,
Sem muita lembrança,
Trazendo esperança,
 
Ao porto do poço,
Do poço sem fosso,
O barco aportou
E nunca mais navegou!

Vera Reimann
Março/1977
*Direitos Autorais Reservados

Mascarado

Mascarado:
Percebi tua face,
No escuro do espelho,
Triste, disforme, breve enlace,
Suplicando um conselho...

Mascarado:
Sei que teu tesouro,
Esconde mau agouro,
Presságio da vida escondida,
Reverso da breve acolhida...

Mascarado:
Sei que teu coração sofre,
Lágrimas trancadas num cofre,
Escorrem de tua alma,
Suplicam por  vida calma...

Mascarado:
Sei que teu tempo prisioneiro,
Teu destino traiçoeiro,
A brincar de esconde-esconde,
Timoneiro de errante bonde,
Se perdeu na escuridão!

Vera Reimann
*Direitos Autorais Reservados

LOVE’N PIECES

Pequenos bocados de amor,               
Sabor chocolate, gengibre e mel,
Numa mistura perfeita e delicada                   
Meio doce, meio amarga.                                 

Dita a receita:                     
A cada novo bocado,                 
Teu sabor se torna pecado,               
Se amalga mais ao meu paladar.   

Envolto em gelo seco e brumas,
Feito feitiço espesso,
Teu valor não tem preço,
Exceto pelo meu apreço.   

Sinto teu gosto o tempo todo,
E o teu aroma inebriante,
E a tua textura mais perfeita,
Mais saborosa do que antes.

Torna-se irresistível!
Tortura meu dia...
Percorre minha noite, insensível.
Penetra meu sonho, invisível.

Como posso viver sem tocá-lo?
Como posso tocá-lo sem tê-lo?

Vera Reimann
10/08/97
*Direitos Autorais Reservados

Dúvidas

Quem sabe dos meus sonhos?
Ser apenas a singela Cinderela?
Ou a maldosa madrasta carrasca?
Calçar o sapatinho de cristal,
Com toda a pompa e circunstância?
Ou apenas tocar a vareta de condão
à distância?

Tornar-me ora sapo, ora princesa,
ao sabor do humor,
Como Madame Mim?
Ou ser a grande deusa enfim?
Ser e estar apenas Vera?
Ou ter você à vera?

Poucos provaram meu verdadeiro mel...
Será você aquele que provará o mel e o fel?
Te amaldiçôo, te abençôo, te desejo...
E te expulso,
Feito feto gerado em hora errada,
Fruto do amor mais proibido,
E portanto o mais sabido.

Ter-me inteira é apenas
mais um mistério,
Num mundo cheio de impropério,
Onde a “Vera” não cabe mais.
Ora bruxa, ora fada!
Ora apenas gente: humana!

Aquela que emana
A verdade mais doída
Que é o prazer de amar,
Amando apenas...
Sem razão mais específica,
Exceto a da pureza magnífica
Do amar!

Vera Arruda Reimann
Guarujá – 13/06/98

Dissabores

Dissabores, encantos, amores.
Sussurros de dores...
Mal-passadas...

Alquimista da alma...
Nova aura.
Distorce, contorce.
Sem disfarce.
Metamorfose...

Sem muito alicerce,
Sem muros contidos,
Sem cegos ouvidos,
Mandalas e pedidos...

De novo nascer.
De parto parido,
Momento sentido.

Disfarçada,
De almíscar encantada,
Puro desejo,
A se consumar!

Vera Reimann
07/08/2001

Dança do amor

Teu olhar
Embalado,
Rodopia
Assustado,
No compasso
Sussurrado,
Com amor
E pudor!

Nesta dança
Trigueira,
De vontade
Matreira,
Com a certeza
primeira,
de tornar-me
faceira!

E em prosa
Cantada,
O infinito amor
Goza,
Com riqueza
e esplendor!

Como verso
Criança,
Te observo
na dança,
E assim te copio,
Neste poema
De amor!

Vera Arruda Reimann
Fev/2006
*Direitos Autorais Reservados

Caleidoscópio

Simultaneamente
Imagens se confundem,
E se difundem,
Através da lente
Do caleidoscópio...

Todas as cores,
Em pequenas porções,
Se confundem, se misturam,
E se perpetuam,
Através da lente
Do caleidoscópio...

Possibilidades infinitas de leituras,
Transformando as cores em canduras,
Transmitindo novas pinturas,
Através da lente
Do caleidoscópio...

Quantas vezes você ponderou,
Na última semana,
Como seria bacana,
Encarar sua vida mundana,
Através da lente de um caleidoscópio?

Vera Reimann
Junho/2009
*Direitos Autorais Reservados

Anjos Azuis

Em sonho de anjos azuis,
Transformei-me em diáfana fada.
De minha fala emanam luzes coloridas,
Em camadas perfeitas e floridas.
Borboletas encantadas,
Passeiam nesta fábula bordada.

De meu rosto apenas luz,
De meu corpo apenas gesto,
Num abraço místico me manifesto,
Minha condição de deusa atesto...

Em tua ilusão enevoada
Transporto-me apaixonada!
Desejo-te um grande amor,
Abençôo-te como flor,
e me escondo apressada...

Em fugaz momento mostro,
Minha humana condição...
De mulher, amante, amiga,
E me despeço com emoção!

Vera Reimann - julho/99
*Direitos Autorais Reservados