domingo, 25 de julho de 2010

Para entender as mulheres

Entender as mulheres é fácil! Basta pensar com o coração, penetrar na sua complexa alma, cheia de labirintos e caminhos tortuosos, onde nem tudo que aparenta ser, é.

Ah,  se o espelho interior de uma mulher falasse, diria, em tom solene: tenho tantas facetas, mas você não as percebe. Fica apenas pairando e parado na superfície da minha estrada tão longa, do meu pensamento tão vago e ao mesmo tempo tão profundo.

Ah, se pudesse ler meu corpo, perceberia todas as tatuagens que ali se encontram, de maneira indelével e, quase sempre, praticamente invisível. Mas eu, Mulher, conheço cada uma delas e sei exatamente onde foram feitas e quem as tatuou. Sei distinguir cada uma delas, até mesmo as nuances das suas cores. A maioria, na minha idade, já meio apagada.

Mas garanto, Homem, elas estão todas aí desenhadas: tatuagens de uma vida inteira, de sonhos não realizados, de dores não choradas, de marcas pueris das descobertas do amor, do sexo, da infância que no tempo se perdeu, das conquistas não festejadas, das lágrimas caladas na madrugada fria, dos amores que feriram, do parto de um filho gestado uma vida inteira.

Ah, se soubesse ler meu interior, saberia instantaneamente quem sou e como processo o sentir de forma tão pungente, que homem nenhum suportaria 05 minutos dentro desse liquidificador. Ah, se percebesse meus ingredientes secretos, minha magia latente, meu universo esfuziante e ao mesmo tempo carente de compreensão  pertinente.

Sou um misto de equilibrista e atriz, agiota e perdulária, economista e psicóloga, médica e esteticista, motorista e baby sitter, reverso da medalha, flor e vulcão. Sou muitas em uma única, assim, como genérico: sirvo pra qualquer ocasião.

Se ainda assim não compreende, tente ler o manual de instrução: não o que está impresso, mas sim, nas entrelinhas do que está explícito, mas não escrito.
Ah, se eu te pudesse fazer entender!

Vera Reimann
*direitos autorais reservados

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