sábado, 24 de julho de 2010

Onírico

Num mundo de sonho e fantasia,                           
te encontro correndo                                
para os meus braços,                   
num abraço de fim de mundo                   
afrodisíaco e apocalíptico,
com sabor de sereno.               

Teus passos incertos                   
vão se firmando,                       
na areia fina e cristalina,                   
no desvario de toda                    
a saudade contida,                       
nesse pequeno espaço,                   
que é a minha praia.                   

Na transparência                       
das águas coloridas                   
da cor do arco-íris,                   
sinto teu gosto de maresia.               
e tua boca encontra a minha,               
num beijo encantado
de poesia, desejo, afeto e afago.                       

No despertar do outro dia               
te encontro enlaçado,                   
ao meu lado.                        
Teu beijo molhado,                       
me dizendo bom dia                   
e teu corpo banhado                   
pela luz do semi-dia.                       

Somos feitos assim,
de natureza volátil,           
sem forma exata                   
feito estado gasoso                   
que se sente, se cheira                   
mas não se pega                   
Palpando apenas,
o estado virtual            
de estarmos juntos e unos,               
mesmo separados.                       
               
É luz clara do dia
e ainda assim estamos,
afagados e afastados,
nesse estado nem sólido,
nem líquido, apenas estando:
de alma presente e corpo ausente,
no sonho completamente premente
de buscar o breve infinito,
do amor duradouro.

Esse se mostra ainda
forte e fraco: num dia amanhece gelado,
feito a mente intransigente.
No outro escaldante, feito lava de vulcão.
E assim escandalizados
nos queremos mesmo sem querer.

Desperto desse estado onírico,
e olho para o lado:
a cama vazia e fria,
onde sua presença ausente
se faz ainda mais forte,
que se aqui estivesse veramente!

Vera Arruda Reimann
março 2009
*direitos autorais reservados

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