te encontro correndo
para os meus braços,
num abraço de fim de mundo
afrodisíaco e apocalíptico,
com sabor de sereno.
Teus passos incertos
vão se firmando,
na areia fina e cristalina,
no desvario de toda
a saudade contida,
nesse pequeno espaço,
que é a minha praia.
Na transparência
das águas coloridas
da cor do arco-íris,
sinto teu gosto de maresia.
e tua boca encontra a minha,
num beijo encantado
de poesia, desejo, afeto e afago.
No despertar do outro dia
te encontro enlaçado,
ao meu lado.
Teu beijo molhado,
me dizendo bom dia
e teu corpo banhado
pela luz do semi-dia.
Somos feitos assim,
de natureza volátil,
sem forma exata
feito estado gasoso
que se sente, se cheira
mas não se pega
Palpando apenas,
o estado virtual
de estarmos juntos e unos,
mesmo separados.
É luz clara do dia
e ainda assim estamos,
afagados e afastados,
nesse estado nem sólido,
nem líquido, apenas estando:
de alma presente e corpo ausente,
no sonho completamente premente
de buscar o breve infinito,
do amor duradouro.
Esse se mostra ainda
forte e fraco: num dia amanhece gelado,
feito a mente intransigente.
No outro escaldante, feito lava de vulcão.
E assim escandalizados
nos queremos mesmo sem querer.
Desperto desse estado onírico,
e olho para o lado:
a cama vazia e fria,
onde sua presença ausente
se faz ainda mais forte,
que se aqui estivesse veramente!
Vera Arruda Reimann
março 2009
*direitos autorais reservados
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